GESTAR II CARIÚS -CE

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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Dicas para criar um Conto

Dicas para criar um Conto

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  • Um conto tem que ser curto, assim como seus capítulos, parágrafos e frases.
  • Evite ser prolixo. Economize na quantidade de personagens, nas descrições, na complicação da trama. Evite os rebuscamentos, adjetivações e clichês. Cuidado com a repetição de palavras.
  • Use a ironia e o humor fino, quando possível.
  • Se o conto é dramático, tome cuidado com o exagero e a pieguice.
  • Palavras ou situações fortes são tempero para serem utilizados com cuidado, pois podem ser tóxicos...
  • Seja verossímil. Evite contradições no comportamento de seus personagens e no desenvolvimento da estória. Lembre-se, no entanto, que a verossimilhança não significa prender-se à realidade.
  • Como última sugestão, seja natural. Não tente um estilo forçado, ou literato. Se você for você, provavelmente estará muito perto do melhor resultado possível.

O CONTO

O que é um Conto

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por Oswaldo Pullen parente

Existem os que duvidam da veracidade do livro mais antigo da humanidade. Assim, podem talvez duvidar que Adão e Eva tenham realmente existido, que Caim e Abel são fictícios, e por aí vamos

Mas não podem duvidar da existência de suas estórias e de que algumas delas, remontam a tempos onde nem havia ainda a escrita. Nádia Gotlib, em seu “Teoria do Conto” diz:

Aliás, sob o signo da convivência, a estória sempre reuniu pessoas que contam e que ouvem: em sociedades primitivas, sacerdotes e seus discípulos, para transmissão dos mitos e ritos da tribo; nos nossos temos, em volta da mesa, à hora das refeições, pessoas trazem notícias, trocam idéias e... contam casos. Ou perto do fogão de lenha, ou simplesmente perto do fogo.

O Conto, antes da escrita, antes da invenção dos números, foi o instrumento para o registro e, portanto, o armazenamento das informações que continham a cultura e a tecnologia, que aliado às pinturas e artefatos que constituem a arte rupestre, foram as armas utilizadas pelos primeiros homens para a manutenção e transferência de seu conhecimento.

Assim, o conto encapsulava o conhecimento e tornava fácil a sua transmissão pelas gerações. Era a aliança da utilidade com o entretenimento. O Conto foi, com certeza, o primeiro artefato abstrato da humanidade.

A História do Conto

Notaram que, em momentos diferentes, usamos estória ou história? Alguns autores preferem se utilizar sempre de história, seja para a narração de fatos efetivamente acontecidos ou para o relato de acontecimentos ficcionais, provindos do imaginário.
Eu prefiro usar estória para a expressão do fato imaginado, reservando história para os fatos que realmente aconteceram (ou, pelo menos, que nos contam que aconteceram!).

Então, como vimos, o Conto existe desde épocas imemoriais, onde a escrita nem ainda era imaginada como viável, e portanto não era possível o seu registro em pergaminho, ou nem mesmo em tábuas de pedra ou de argila.

A primeira notícia de um registro de contos é O Livro do Mágico, originado em torno de 4000 a.C no Egito.

A seguir, temos o registro da Bíblia, que tem as suas primeiras histórias gravadas cerca de 2000 a.C., já com Caim e Abel em sua precisa estrutura de conto. Tanto o Antigo como o Novo Testamento nos trazem inúmeras histórias como a de Sansão, de Ruth, de Judith, do Bom Samaritano e tantas outras.

Já no século VI a.C. e atribuídas a Homero (alguns discutem se Homero era uma única pessoa, ou uma personalidade atribuída a um conjunto de escritores) ficaram para a posteridade a Ilíada e a Odisséia. Mais modernamente, há o Pantchatantra na literatura Hindu, provavelmente do século II a.C.

Caio Petrônio escreve no século I o famoso Satiricon, que é reeditado até hoje. Já lá no século XIV Giovanni Boccaccio aparece com Decameron, um clássico que definiu as bases do conto como o conhecemos hoje. No século XVI, Gutemberg consolida uma seqüência de invenções que vem determinar o início da Imprensa, e neste século Miguel de Cervantes produz as Novelas Exemplares.

O Barba Azul, O Gato de Botas, Cinderela, O Soldadinho de Chumbo e outros contos de igual talento são publicados por Charles Perrault no século XVII, quando também aparecem as fábulas de La Fontaine (A Cigarra e a Formiga, A Tartaruga e a Lebra, A Raposa e as Uvas, etc...), que são contos nos quais vem sempre uma lição de moral.

No século XIX o conto se moderniza. A Revolução Industrial e o desenvolvimento da Imprensa trazem para multidões a possibilidade da leitura, e com isto a popularização dos contos. Os Irmãos Grimm reescrevem os contos anteriormente criados por Perrault e publicam Branca de Neve, Rapunzel, O Gato de Botas, A Bela Adormecida, O Pequeno Polegar, Chapeuzinho Vermelho e outros.

Outros grandes autores do mesmo século foram Tolstoi, Maupassant, Flaubert, Balzac, Stendhal, e os brasileiros Machado de Assis e Álvaro de Azevedo, dentre outros.

No século vinte os contos tomaram de assalto o gosto do público brasileiro, com escritores como Moacyr Scliar, Rubem Fonseca, Graciliano Ramos, Orígenes Lessa, Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, Mário de Andrade, Dinah Silveira de Queiroz e outros produzindo contos antológicos.

No século XXI, apesar do preconceito ainda vigente que relaciona o conto como uma literatura talvez menor, este gênero literário se firma, até por ser o que mais se coaduna com os conceitos de velocidade, de fragmentação e compartilhamento do tempo e de sua portabilidade. Um conto pode ser lido enquanto se aguarda uma reunião, pode ser lido na condução, na sala de espera do dentista, e até na sombra de uma mangueira, enquanto a gente se entrega ao prazer das férias e de uma leitura entre uma soneca e outra.